Como parte da cobertura do ArchDaily Brasil na Bienal de Veneza 2016, apresentamos uma série de artigos escritos pelos curadores das exposições e instalações à mostra no evento.
O Pavilhão da Romênia na 15ª Exposição Internacional de Arquitetura - La Biennale di Venezia apresenta “Selfie Automaton”, uma exposição de Tiberiu Bucșa, Gál Orsolya, Stathis Markopoulos, Adrian Aramă, Oana Matei, Andrei Durloi. A mostra consiste em 7 autômatos mecânicos, com 42 marionetes - 37 humanas e 5 criaturas. Três dos autômatos serão localizados no Pavilhão da Romênia no Giardini, outros três na Nova Galeria do Instituto Romeno de Cultura e Pesquisa Humanística, e um deles será nômade e vagará pelas ruas de Veneza.
Caricaturas de personagens, animais fantásticos, ovos dourados, caixas de música e reflexos espelhados são montados em partes predeterminadas das apresentações que colocam o visitante diversas vezes na posição de dínamo e marionete ao mesmo tempo. Os autores, assim, propõem um retrato genérico das relações sociais, estereótipos e desejos, partidos em pedaços a serem remontados pela imaginação do usuário, em um auto-retrato introspectivo, ou talvez uma selfie. Isto pode ser apenas entretenimento ou pode ser visto como uma apresentação absurda. Ela levanta algumas questões, mas certamente não da nenhuma resposta.
Para definir o papel das marionetes na exposição, os autores de “Selfie Automaton” se aproximaram da arte dos fantoches, onde é comum o manipulador brincar com os significadas e possibilidades de controle. Aquele que é a marionete pode, e deve, cruzar os limites humanos usuais - de gravidade, por exemplo, podendo saltar e permanecer suspenso. Outro exemplo, em um extremo trágico, é deixar ele tomar consciência de seu manipulador e cortar, ou não, seus próprios cordões. De todo modo, não há tais possibilidade de escape na instalação. Embora construídos com as juntas necessárias para permitir liberdade de movimento, os fantoches de madeira não têm cordões e são literalmente pregados em um mecanismo que os permite apenas um movimento predeterminado repetitivo. E o visitante não é excepção. Sentado, parte do autômato, a ele ou ela é dada apenas uma opção: fazer o mecanismo funcionar através de suas próprias ações repetidas.
Consequentemente, o confortável estereótipo bipolar dos manipulados (nós) e dos manipuladores (eles) - frequentemente colocando as ações das pessoas de um lado do cordão, como consequências humildes e diretas de uma força exterior inexplicável responsável por elas - é substituído por um sistema de escolhas fechadas, construídas em uma série de autômatos. A exposição aprofunda estas duas direções, posicionando o visitante em diversas relações com seus objetos de entretenimento e consigo mesmo, fazendo-o abandonar o conforto ou desconforto do observador distante, capaz de fazer dele uma gigantesca bailarina em um micro banquete, uma vítima de uma comissão kafkaniana, ou um pedinte cheio de desejos.
Manoplas e pedais tornam possíveis os diversos shows, acionados com a força humana. Um sistema aparente de engrenagens transmite o movimento às cenas cíclicas: uma bicicleta move uma dança em círculo, uma panela gera um "grande buffet", uma manivela desperta uma comissão ou uma luta sem fim, uma manopla move uma galinha de ouro ou um pássaro voador - prisioneiros fora de suas gaiolas.
“Selfie Automaton” reflete sobre as personagens e ações incorporadas pelos fantoches que não são nada além de partes dispersas de nós mesmos, que podem ser combinadas ou separadas em busca de um auto-retrato, seja de um arquiteto ou de qualquer pessoa.
O que permanece, ainda, é a questão dos padrões predeterminados. Se eles realmente existem, se somos partes deles, suas vítimas ou criadores.
Conceito da exposição: Tiberiu Bucșa, Gál Orsolya, Stathis Markopoulos, Adrian Aramă
Projeto e construção dos fantoches: Stathis Markopoulos, Gál Orsolya, Tiberiu Bucșa, Andrei Durloi,
Perényi Flóra, Oana Matei
Projeto e construção dos autômatos: Stathis Markopoulos, Kostis Zamaiakis
Pintura: Adrian Aramă
Visual: Ana Botezatu
Fotografia: Laurian Ghinitoiu
Textos: Dana Vais, Stathis Markopoulos, Tiberiu Bucșa Stories: Ada Milea, Cristi Rusu
Website: Dan Burzo
Design: Raymond Bobar
Comunicação: Ina Drăgan, Ada Teslaru
Gerente de projeto: Tiberiu Bucșa, Corina Bucea
Detalhe de projeto: Tiberiu Bucșa, Perényi Flóra, Oana Matei Carpentry: Yannis Tsioutas, Aggelos Romantzis
Animais fantásticos: Alexis Papachatzis
Cortinas: Elmaloglou family
Elementos metálicos: Anastasios Kotsiopoulos
Tapeçaria: Victoria Berbecar (Giardini), Creș Ana and Titieni Are a (RCI)
Colaboradores: Jácint Virág, András Vernes, Árpád Debreczeni, Konstantis Mizaras, Konstantina Mandrali
Impressão: Fabrik
Comissário: Attila Kim
Representante do Ministério Romeno de Assuntos Internacionais e do Instituto Cultural Romeno:
Cristian Alexandru Damian
Iniciado por:
Plus Minus Association, Romênia
Organizado por:
Ministério Romeno de Cultura
Ministério Romeno de Assuntos Internacionais, Instituto Cultural Romeno e União dos Arquitetos da Romênia